As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Irecê Notícias. Os conteúdos apresentados na seção de Opinião são pessoais e podem abordar uma variedade de pontos de vista.
Responder essa pergunta exige dados mais específicos. No entanto, quem frequenta os ambientes educacionais da cidade e região já tem um vislumbre da situação, reforçado por profissionais da área.
A crença popular é que a educação pública no Brasil é inferior à particular, com exceção das universidades públicas, que são poucas e extremamente seletivas. Já o ensino particular, em meio à grande concorrência, busca se destacar com programas e práticas inovadoras, seguindo as tendências das grandes capitais.
Neste sentido, escolas com melhores estruturas, como laboratórios de ciências, bibliotecas amplas e programas inovadores, atraem alunos no competitivo mercado educacional. Essa boa estrutura, sem dúvida, impacta na qualidade do ensino, e as escolas particulares se destacam nesse quesito. No entanto, é importante ressaltar que os recursos públicos não são tão limitados quanto se imagina. Falta aos alunos da rede pública o reconhecimento da importância da própria formação, e o que falta em material nessas escolas, muitas vezes, é compensado pela boa vontade dos educadores.
Os desafios educacionais do país não podem ser ignorados, mas a escola não é o único responsável pelo bom desempenho escolar. Recursos materiais facilitam o aprendizado, mas jamais substituem o acompanhamento familiar. Quando a família investe na educação do jovem, esse acompanhamento tende a ser mais presente, e a rede pública, infelizmente, geralmente fica para trás (com honrosas exceções). Sem o apoio em casa, muito do que se aprende na escola pode ser esquecido na rotina de estudos.
Sendo assim, quando professores e coordenadores identificam problemas relacionados aos estudos dos alunos (comportamento, educação familiar, dificuldades de aprendizagem etc.), é fundamental que os pais se envolvam. Sentando-se para conversar, negociar e acompanhar os filhos tanto quanto a escola, é possível superar esses desafios. Reconhecer o problema sem agir para mudá-lo resulta em frustração para todos os envolvidos no complexo processo educacional.
Há também de se lembrar que acompanhar não é o mesmo que cobrar notas. Acompanhar implica em perguntar ao filho sobre a aula, ouvir suas sínteses e questionar quais foram suas contribuições, perguntas feitas, pois isso irá se refletir em um entendimento da educação como algo diferencial na vida do aluno.
Ademais, pais com rotinas corridas devem aproveitar qualquer brecha para se envolver. Seja durante uma refeição ou naqueles minutinhos no sofá, troque o celular pela interação familiar. Transformar o cotidiano em algo relacionado aos estudos é um desafio diário do professor em sala de aula, e essa atitude pode (e deve) ser replicada em casa.
Portanto, esclarecemos o ponto crucial: quando a sociedade compreende que a aprendizagem não se restringe à escola, mas se estende para casa (seja auxiliando nas tarefas ou organizando uma rotina de estudos), as desigualdades educacionais diminuem. Pais que acompanham, ao invés de apenas cobrar os estudos, têm mais chances de formar bons estudantes. O resultado é sempre o mesmo: valorização da educação. E o aluno que valoriza seus estudos apresenta bons resultados, esteja em uma escola pública ou particular. Podemos resumir essa ideia em uma fórmula simples: pais presentes = filhos educados.
*Chal Emedrón, pseudônimo de Carlos Medeiros, licenciado em Letras pela Universidade Federal da Bahia, apaixonado por cultura pop e comportamento humano.