A população de Irecê vive a expectativa pela chegada do Projeto Irecê, uma parceria entre a Galvani e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). Com investimento de R$ 340 milhões e início de operações previsto para o próximo ano, o projeto de mineração de fosfato, usado na fabricação de fertilizantes fosfatados, se apresenta como um vetor de transformação para o município, com o potencial de impulsionar a economia local e impactar positivamente a vida de diversos setores da comunidade, incluindo educação, comércio e agricultura familiar.
A presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial (ACE) de Irecê, Lúcia Gonçalves, resume o sentimento de ansiedade pelo início do projeto, que deve resultar na abertura de cerca de mil postos de trabalho, entre diretos e indiretos, e injetar cerca de R$ 30 milhões ao ano na economia do município apenas em massa salarial. “É um investimento que movimenta tudo: comércio, hotelaria, setor imobiliário, todos sentem o impacto, e isso inevitavelmente reflete no crescimento econômico da região”, afirma.
De acordo com ela, o projeto já está atraindo investimentos significativos em áreas como infraestrutura, educação e tecnologia. “Esse movimento demonstra o potencial transformador do empreendimento”, avalia a empresária.
Um dos impactos citados por Lúcia é referente à qualificação da mão de obra local para atender às demandas do projeto. A própria mineradora, em parceria com a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), por meio do Programa Qualifica Bahia, vem oferecendo cursos técnicos, como os de armação de ferragem e carpintaria.
Nesta etapa, a qualificação chega a 80 moradores do município, com prioridade para pessoas em situação de vulnerabilidade, como afrodescendentes, mulheres, jovens, pessoas com deficiência e trabalhadores acima de 40 anos, promovendo inclusão e geração de renda qualificada.
Tecnologia
O Projeto Irecê também vem atraindo a atenção do setor de mineração do País por seu alcance e suas inovações tecnológicas. Com o empreendimento, por exemplo, a Bahia vai se consolidar como polo autossuficiente na produção de fertilizantes à base de fosfato. Além disso, de acordo com a Galvani, será adotado, no local, um método de extração a seco, tecnologia inédita no Brasil.
A metodologia dispensa o uso de água no processo produtivo e elimina a necessidade de construção de barragens de rejeitos. Essa abordagem não apenas minimiza significativamente os impactos ambientais da atividade, mas também contribui para a segurança das operações e a preservação dos recursos hídricos da região.
Além dos impactos econômicos e tecnológicos, o projeto trará benefícios diretos e significativos para a agricultura familiar da região. A extração do fosfato resultará também na produção de calcário agrícola, um insumo essencial para a correção da acidez do solo e o aumento da sua fertilidade. Esse calcário será doado aos agricultores locais, representando um importante apoio para a produção agrícola.
A distribuição do insumo será realizada em parceria com a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e beneficiará inicialmente 4,5 mil agricultores e agricultoras familiares, com o potencial de triplicar a capacidade produtiva da terra e, consequentemente, a renda dos produtores.
Empreendimento apoia educação e agricultura familiar
A expectativa em torno do Projeto Irecê não se limita ao desenvolvimento econômico esperado para a região ou à inovação tecnológica aplicada. Ele também carrega um forte componente social e educacional, com iniciativas que visam ao fortalecimento da comunidade local e a promoção da educação.
A Escola Quilombola Anísio Teixeira, por exemplo, foi uma das três da cidade contempladas com uma ação chamada Projeto Raízes, que promoveu, no ano passado, oficinas literárias e artísticas celebrando a cultura negra. Além disso, recentemente a instituição alcançou reconhecimento no prestigiado Prêmio LED – Luz na Educação com um projeto inovador voltado para a convivência sustentável com o meio ambiente, apoiado pela Galvani.
O apoio da mineradora se materializou por meio de assessoria técnica, financiamento de equipamentos e revitalização do viveiro de mudas da escola. As ações proporcionaram aos alunos a oportunidade de participar ativamente de práticas sustentáveis, como a produção de mudas nativas e o reaproveitamento de resíduos sólidos, promovendo a conscientização ambiental desde a base.
Além do apoio direto a escolas, a CBPM propôs a criação de um fundo de educação específico para o município de Irecê. “Uma parcela significativa dos royalties gerados pelo projeto será destinada a um fundo que será gerido pela própria comunidade de Irecê, fortalecendo a educação local e proporcionando mais oportunidades de aprendizado e desenvolvimento para as futuras gerações”, informa o presidente da CBPM, Henrique Carballal, demonstrando o compromisso do projeto com o futuro da região.
O projeto também busca solucionar um problema enfrentado pelos agricultores familiares da região: o acesso a fertilizantes de qualidade. A doação de calcário agrícola, viabilizada pelo Projeto Irecê, surge como uma solução promissora para aliviar essa situação e impulsionar a produção local.
A matéria detalhada pode ser encontrada no Portal A Tarde.