A filha de 14 anos da atriz Samara Felippo foi vítima de racismo na escola de alto padrão Vera Cruz, na Zona Oeste de São Paulo, na segunda-feira (22).
Segundo Samara e o colégio, duas alunas do 9° ano pegaram um caderno da garota, que é negra, arrancaram as folhas e escreveram uma ofensa de cunho racial em uma das páginas. Na sequência, o caderno foi devolvido aos achados e perdidos.
A atriz registrou boletim de ocorrência e afirmou que ainda não definiu se vai tirar a filha da escola.
Em comunicado enviado às famílias e obtido pelo g1, o Vera Cruz diz que, ao recuperar o caderno, a filha de Samara procurou a professora e a orientadora da série.
"Imediatamente foram realizadas ações de acolhimento à aluna, de comunicação a todos os alunos da série, bem como a suas famílias. Desde o primeiro momento, mantivemos contato constante com a família da aluna vítima dessa agressão racista, assim como permanecemos atentos para que ela não fique demasiadamente exposta e seja vítima de novas agressões. Na circular enviada a todas as famílias no mesmo dia, solicitamos que todos conversassem com seus filhos sobre o ocorrido, e na terça-feira, dia 23 de abril, duas alunas do 9º ano e suas famílias compareceram à Escola, responsabilizando-se pelos atos", diz carta do colégio.
Segundo o Vera Cruz, as alunas foram convocadas para devolver as folhas arrancadas do caderno e para serem informadas oficialmente sobre as sanções que seriam aplicadas – entre elas, a suspensão por tempo indeterminado.
Samara diz que a filha já havia passado por episódios de preconceito anteriores, mas que só agora o "racismo se materializou".
"Antes, ela queria não enxergar. Doía ver, só queria fazer parte de uma turma e era excluída de trabalhos, grupos, passeios, aceitava qualquer migalha e deboche feito pelas mesmas garotas, e seu nome sempre era jogado em fofocas, 'disse me disse' e culpada por atos que não cometia. Lembrando do caso do carregador que sumiu numa festa e a única acusada foi ela. [Não atribuo aqui esse caso as atuais agressora]."
A atriz afirma querer levantar um debate sobre o que uma escola precisa fazer para ser considerada antirracista – como se coloca o Vera Cruz.
"Tem algumas coisas na escola que eu não concordo. A política de cotas que eles adotam vai só até o quinto ano. Então, um adolescente negro que vai para a escola no sétimo, no oitavo, no nono ano, não vai se sentir representado, vai ser um ambiente hostil, majoritariamente branco. Eu quero levantar um debate assim: o que é uma escola antirracista de qualidade?"