A arte da fiscalização

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Passadas as eleições para prefeito e vereadores nesse dia 06 de outubro, o papel cívico do eleitor não terminou ao sair da cabine de votação; ao contrário, é aí que a verdadeira diversão começa. Assim como Sherlock Holmes com sua lupa ou Hercule Poirot com seus "cinzentos", é hora de os cidadãos aguçarem seus sentidos e adotarem técnicas infalíveis para manter nossos prefeitos e vereadores sob constante vigilância. Afinal, como bem pontuou o político irlandês John Philpot Curran, "o preço da liberdade é a eterna vigilância"; e no contexto municipal, essa vigilância significa garantir que cada centavo do dinheiro público seja usado em benefício da comunidade.

O primeiro passo para um eleitorado atento é dominar a arte do acesso à informação. Em plena era digital, a ignorância é uma escolha. A Lei de Acesso à Informação é uma ferramenta poderosa nas mãos do eleitorado. Exija transparência, solicite documentos, atas de reuniões, gastos e relatórios de execução de obras. Lembre-se da admoestação do filósofo Francis Bacon: "O conhecimento é poder". E neste caso, o poder de manter nossos políticos em cheque.

Além disso, crie ou participe de grupos de vigilância locais: nada assusta mais um político do que um grupo de eleitores bem-informados e organizados. Forme grupos de fiscalização com vizinhos e amigos, ou junte-se a um já existente. Use as redes sociais para disseminar informações e mobilizar a comunidade. A união faz a força, e essa força pode muito bem garantir que cada projeto, cada promessa e cada centavo seja vigiado de perto.

Portanto, use a tecnologia a seu favor! Em um mundo onde cada smartphone pode ser uma ferramenta de vigilância, os cidadãos têm no bolso o poder de monitorar, gravar e compartilhar ações duvidosas de seus representantes. Aplicativos e plataformas digitais oferecem meios para acompanhar o trabalho de vereadores e prefeitos, além de avaliar sua performance e promover discussões. A tecnologia é o grande equalizador do poder.

O vintage também pode ser cool, embora seja algo antigo e visto por muitos como pouco prático, não há melhor lugar para civil acompanhar seus políticos do que as sessões do conselho municipal. Sendo assim, frequente as sessões do conselho e assuma a tribuna. Esteja lá, e, sempre que possível, seja uma presença constante. Reveze com colegas, aproveite os momentos de fala aberta ao público para questionar decisões, pedir esclarecimentos e expressar preocupações.        

E por fim, não tenha medo de ir além e denuncie. Se apesar de todos os esforços de fiscalização algo suspeito for descoberto, não hesite em denunciar. Contate órgãos de controle externo como o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Controladoria-Geral. Como disse Edmund Burke, "Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada". Portanto, faça algo. Sua atitude não apenas pode corrigir um erro, mas também enviar uma mensagem poderosa de que a comunidade está vigilante e ativa.

A fiscalização efetiva de prefeitos e vereadores exige mais do que apenas descontentamento passivo; exige ação, persistência e uma vontade indomável de participar ativamente da governança local. Encerre as cortinas do teatro político onde atuam os incompetentes e os corruptos, e exija uma performance que esteja à altura do palco que é sua cidade ou município, afinal de contas, “no inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise", disse um dia Dante Alighieri.